missão na Africa

21-04-2009 10:27

 

História da Igreja

O norte da África, terra de Santo Agostinho, Cipriano e Tertuliano, gerou florescentes comunidades cristãs na Antigüidade. Mas, a partir do século VII, as comunidades caíram nas mãos dos árabes, que aniquilaram a Igreja católica. Hoje, o norte do continente é quase que totalmente muçulmano.

A partir de 1415, os portugueses organizaram expedições de exploração da costa africana e dos países negros, dando início a uma das maiores pragas modernas: o tráfico internacional de negros para o trabalho escravo. A escravidão já fazia parte da cultura negra e muçulmana e agora atinge proporções nunca vistas.

Bartolomeu Dias, em 1482, dobrou o cabo da Boa Esperança e, dois anos depois, Vasco da Gama fez escala em Moçambique. Portugal, país pequeno, não podendo ser uma potência colonizadora, escolheu ser uma potência comercial, fundando, por toda a costa africana, centros comerciais defendidos por uma fortaleza e pequena guarnição. Desses centros comerciais partiam os primeiros missionários, que também eram capelães de fortalezas.

A EVANGELIZAÇÃO DO CONGO

Em 1490, Dom João enviou ao Congo uma expedição constituída por padres, monges, soldados, camponeses e profissionais liberais. Queria reproduzir no Congo a sociedade européia. Em 1491, o rei Manicongo foi batizado e construiu-se a primeira igreja. A nova religião foi bem aceita, mais por sua utilidade a serviço do rei.

Dom Afonso I, o rei seguinte, (1506-1544), chamado de “rei cristianíssimo”, optou pela nova religião: queria edificar seu país sob o modelo português. Mandou nobres estudarem em Portugal, entre eles o filho Henrique, que depois se tornou o primeiro bispo negro (1521).

Portugal, contudo, não tardou em mandar a conta: queria o monopólio do comércio e ser pago em cobre, marfim e, sobretudo, escravos. Já o rei congolês queria autonomia para sua Igreja, que dependia da ilha de São Tomé, uma capital do tráfico negreiro. Ele percebeu que o comércio de escravos, no qual estavam envolvidos os próprios missionários, contradizia a evangelização.

Os missionários jesuítas (1547) e franciscanos (1557) continuaram o trabalho. Compuseram inclusive um catecismo em kikongo, o primeiro livro publicado numa língua bantu. Em 1575, os portugueses ocuparam Angola e deixaram o Congo de lado. São Salvador, capital congolês, tornou-se sé episcopal em 1596.

Os conflitos entre os reis do Congo e os portugueses tornaram-se sempre mais freqüentes. Por causa de uma concessão de minas, Portugal declarou guerra ao rei Antônio: os dois exércitos se enfrentaram, ambos sob o estandarte da cruz. O rei é derrotado e decapitado: foi o fim do grande reino do Congo, que ingressou num período de anarquia.

O povo, por décadas, ficou sem padres. As religiões tradicionais se impuseram e formaram-se sincretismos, ficando no povo a saudade do velho Congo, poderoso e unido. Surgiram visionários que, misturando suas crenças com elementos cristãos, anunciavam a ressurreição de seu povo. Em 1704, uma congolesa de 22 anos, Dona Beatriz, resolveu reconquistar a unidade, propondo um cristianismo africanizado.

Dizia-se enviada por Deus e por Santo Antônio para restaurar o reino. Deu vida nova à destruída capital São Salvador e vestiu as insígnias reais. Mas, misturando sempre mais suas convicções com elementos apocalípticos, foi denunciada ao rei e, em 1706, queimada viva, pronunciando o nome de Jesus.

OUTRAS TENTATIVAS

Com exceção da Angola, onde os portugueses conseguiram implantar um campo missionário estável, embora conflitivo devido ao tráfico negreiro, as outras missões tiveram curta duração. Na Etiópia chegaram os jesuítas. Eles converteram o rei e criaram uma hierarquia completa, paralela à grande Igreja aí implantada há séculos. Os etíopes, cristãos monofisitas, de cultura milenar, reagiram contra a latinização de sua Igreja, levando as missões ao fracasso em 1555. O Moçambique foi evangelizado no século XVII, sendo seu rei batizado em 1652.

Alguns dominicanos franceses conseguiram batizar, em 1691, em Paris, o filho do rei da Assínia, tendo como padrinho o Rei-sol Luiz XIV e celebrante o bispo Bossuet. Também os lazaristas, após muito trabalho, no século XVII tiveram de desistir de sua missão no Madagascar. Os missionários, por mais bem intencionados que fossem, não podiam evangelizar num meio onde os reis tribais provocavam guerras para fazer prisioneiros os negros e vendêlos como escravos às potências européias, que os levavam às grandes fazendas das Américas e do Caribe.

Houve também missionários que se envolveram nesse comércio. Sendo contrários à escravidão indígena, muitos deles se calaram diante da escravidão dos negros que serviam de mão-deobra em seus colégios na América.

A missão congolesa faliu por diversos motivos: descontinuidade do apostolado, mediocridade do clero, batismo sem catequese, destruição sem critério do paganismo. O motivo principal, porém, foi o conluio entre a atividade colonizadora e a missionária. Era contraditória uma Igreja que dependia de um soberano estrangeiro movido por um projeto comercial total.

IGREJAS PROCURAM A ÁFRICA

Com as campanhas abolicionistas, a escravidão foi deixando de existir. O Brasil foi o último país escravocrata (1888). Um outro passo que deram os europeus foi conquistar a África oriental, em mãos dos comerciantes muçulmanos. Partindo do litoral já conhecido, as novas expedições penetraram o interior do continente, iniciando um processo de exploração e colonização que esfacelou a organização tribal africana.

São conhecidos os exploradores Livingstone, Stanley..., que alcançaram as nascentes do Nilo. Inglaterra, Espanha, Portugal, Holanda, França, Bélgica repartiram entre si o continente africano, como se fossem seus donos naturais. Um novo ciclo missionário surgia assim para os católicos, anglicanos, calvinistas e protestantes e o povo africano foi colocado diante de missionários que anunciavam a salvação cristã, mas com ódio recíproco, uma crença condenando a outra.

Cristãos contra cristãos. As expedições missionárias transformaram-se em verdadeiras aventuras. Sem se adaptarem ao vestuário, à alimentação, os missionários caíam vítimas de doenças, especialmente da febre amarela. Os missionários católicos evangelizaram sistematicamente a costa ocidental a partir de 1842, atingindo as duas Guiné, a Libéria, Gabão, Serra Leoa. Na mesma área se estabeleceram as sociedades missionárias inglesas (anglicanas) que penetraram até a África do Sul.